O Esquecimento do Eleitor e o Desrespeito do Eleito: Um Retrato da Democracia Fragilizada

Autor: Moacir Pereira

21/03/2024

Desafios na Relação Eleitor-Eleito

A relação entre eleitores e eleitos é a pedra angular de qualquer sistema democrático saudável. No entanto, após o fervor das eleições se dissipar, muitos eleitores parecem esquecer seu papel fundamental de monitorar e cobrar seus representantes, enquanto os eleitos por sua vez, frequentemente, negligenciam as promessas feitas durante suas campanhas e abandonam as causas que os elegeram. Esse ciclo vicioso de desinteresse e desrespeito mina os alicerces da democracia e compromete a representatividade e a justiça social.

O Caso do PLP 42: Resgate da Justiça na Aposentadoria Especial

Um exemplo flagrante dessa dinâmica disfuncional é o Projeto de Lei Complementar (PLP) 42, que visa resgatar a justiça na aposentadoria especial. Este projeto surge em resposta direta à reforma da previdência que, em muitos países, incluindo o Brasil, retirou direitos fundamentais dos trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde. A reforma da previdência, sob o pretexto da sustentabilidade financeira, frequentemente sacrifica os direitos dos trabalhadores em nome de uma agenda econômica que privilegia os interesses das elites.

Impacto da Reforma da Previdência nos Trabalhadores

A aposentadoria especial é um direito conquistado ao longo de décadas de luta dos trabalhadores que desempenham suas funções em condições adversas, colocando em risco sua saúde e bem-estar. No entanto, a reforma da previdência, muitas vezes concebida sem o devido debate democrático, ignorou essas questões essenciais e impôs medidas que penalizam os mais vulneráveis.

Responsabilidade do Eleitor e do Eleito

Infelizmente, a realidade mostra que muitos eleitores esquecem de acompanhar o desempenho de seus representantes após as eleições. A participação cívica não se resume ao ato de votar a cada quatro anos, mas requer um compromisso contínuo com os processos políticos e uma vigilância constante sobre as ações de seus representantes.

Por outro lado, os eleitos frequentemente se desviam dos compromissos assumidos durante suas campanhas eleitorais. Uma vez no poder, muitos políticos sucumbem a interesses partidários ou corporativos, abandonando as causas que prometeram defender em troca de favores políticos ou econômicos.

Conclusão: Repensando a Democracia

Para reverter essa tendência perigosa, é crucial que os eleitores assumam um papel mais ativo e vigilante na vida política, cobrando regularmente seus representantes e responsabilizando-os por suas ações. Além disso, os eleitos devem reconhecer a importância de permanecerem fiéis aos compromissos assumidos com seus eleitores e priorizarem o bem-estar coletivo sobre interesses individuais ou partidários.

O PLP 42 é apenas um exemplo entre muitos de como a mobilização dos cidadãos pode influenciar positivamente o processo político e promover mudanças significativas em prol da justiça social e da igualdade. No entanto, sua eficácia será limitada se não for acompanhada por uma mudança cultural mais ampla que redefina as expectativas e responsabilidades dos eleitores e eleitos dentro do sistema democrático.

Em última análise, o esquecimento do eleitor e o desrespeito do eleito são sintomas de uma democracia doente que exige uma cura urgente. Somente através do engajamento ativo e da responsabilidade mútua entre todos os membros da sociedade pode-se garantir que os ideais democráticos sejam preservados e que o governo verdadeiramente sirva ao povo.